Gustavo Horbach, destaca a importância estratégica do Plano Nacional de Fertilizantes para impulsionar a produção local e fortalecer a soberania alimentar do Brasil.
20/12/23
A vocação do Brasil em ser um ator mais que relevante na redução da insegurança alimentar global via o crescimento da produção agrícola, respondendo por quase metade da produção mundial de alimentos nos próximos anos, deve propiciar obrigatoriamente, também, o fundamental desenvolvimento do mercado nacional de fertilizantes.
Alguns aspectos históricos como estagnação dos investimentos no parque fabril nas últimas décadas e as frequentes readequações tributárias impulsionaram, direta e indiretamente, a importação dos nutrientes básicos da agricultura (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), de tal modo que fez o País atingir um nível de dependência delicado: hoje, 85% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira são de origem estrangeira.
Mas nem sempre foi assim. Em meados da década de 90, o Brasil produzia mais fertilizantes que importava e até 65% do consumo era de produção local. De lá para cá, a dependência se agravou. Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), a importação de fertilizantes passou de 7,4 milhões de toneladas, em 1998, para quase 33 milhões em 2020, um crescimento de 445% em pouco mais de duas décadas. No mesmo período, a produção nacional teve queda de 13,5%, passando de 7,4 milhões de toneladas para 6,4 milhões. Um paradoxo foi verificado nos últimos 25 anos: enquanto lideramos uma revolução de tecnologia, gestão e inovação no campo – que nos alçou ao patamar de superpotência agrícola – fomos incapazes de produzir o mesmo efeito em uma indústria essencial a esse mesmo ecossistema produtivo.
Acabamos lançando mão e criamos soluções de curto prazo, emergenciais, visando destravar a produção agrícola nacional para atender a demanda internacional em constante crescimento. Uma decisão necessária, principalmente se olharmos para o agronegócio como um player isolado, mas que negligenciou a cadeia nacional de fornecimento de matérias primas, como o setor de fertilizantes.
O Brasil é o quarto consumidor global de fertilizantes e possui condições geológicas, econômicas e de infraestrutura adequadas para desenvolver a produção local, mas, mesmo assim, se encontra em uma posição vulnerável em relação a variação de preços e de oferta causadas por fatores geopolíticos e especulações comerciais internacionais.
E só vamos mudar esse quadro com um olhar mais estratégico para o setor, por meio de uma política de Estado que extrapole governos e projete o mercado nacional para daqui a 40, 50 anos. E, aqui na EuroChem, acreditamos que o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), lançado pelo governo federal em março de 2022, e a remodelação do Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), em maio deste ano, foram iniciativas relevantes visando a retomada do protagonismo do mercado brasileiro de fertilizantes.
Por meio de incentivos fiscais, linhas de financiamento, parcerias e mudanças regulatórias, o PNF vai fomentar investimentos públicos e privados e, consequentemente, a produção nacional, reduzindo a dependência do Brasil dos insumos importados para cerca de 45% até 2050, fortalecendo a soberania nacional e a segurança alimentar do Brasil e do mundo.
Um plano fundamental, principalmente para a continuidade do crescimento do agronegócio brasileiro, que apresenta grande dependência de importações para o consumo de fertilizantes e que ficou em posição fragilizada em relação a variação de preços e de oferta.
Dentro de todo esse contexto, encontra-se o Complexo Mineroindustrial de Serra de Salitre, em Minas Gerais, que está com mais de 90% das obras concluídas e que, em plena capacidade, suprirá o mercado nacional com mais de um milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados, por ano. Estamos falando de cerca 15% da produção nacional deste insumo. Estamos falando de redução de importações e dependência externa.
Será uma planta integrada de atividades de produção, logística e distribuição de fertilizantes. No local, já existe uma atividade de mineração em uma área de 7,45 milhões de m² e ao término de duas plantas químicas que estão sendo construídas, terá capacidade de produção de 1,2 milhão de toneladas por ano de fertilizantes fosfatados; um milhão de tonelada por ano de ácido sulfúrico; 250 mil toneladas por ano de ácido fosfórico, além de grande capacidade de mistura. Um verdadeiro marco para o setor.
Previsto para ser concluído no primeiro trimestre de 2024, o Complexo de Serra do Salitre tem sido um forte impulsionador de renda local, com geração de cerca de três mil postos de trabalho e um robusto plano de desenvolvimento socioeconômico na região por meio de ações de investimento social voluntário, aliado ao extremo cuidado com o meio-ambiente e as comunidades próximas.
É evidente que a unidade é estratégica para os planos da EuroChem – é a primeira planta de mineração do Grupo fora do continente europeu, mas acreditamos que é um ativo que vai fortalecer sobremaneira a competitividade do segmento como um todo e, consequentemente, contribuir com a soberania alimentar do país.
Investimentos como esse e outros que estão em andamento por diferentes players reforçam a confiança do setor no Brasil e a nossa expectativa de que o governo, prestes a completar um ano de mandato, seguirá avançando com a implementação do Plano Nacional de Fertilizantes, reduzindo vulnerabilidades externas e dando mais segurança ao agronegócio brasileiro.
Por Gustavo Horbach, Diretor-presidente da EuroChem na América do Sul.
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